Com a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, o preço internacional do trigo na Bolsa de Chicago apresentou expressiva alta entre fevereiro/22 e março/22 – cerca de 39,38%. A alta praticada nos preços USD/bushel teve como referência a posição de ambos os países nas exportações globais de trigo. Conforme os dados divulgados pelo USDA para o total exportado em 2021/2022, a Rússia lidera as exportações do item, enquanto a Ucrânia ocupa a quinta posição – juntos, somaram nesse período 25,21% das exportações globais de trigo.
No entanto, com o quadro de guerra se acomodando ao longo do primeiro semestre, após maio/22, o preço internacional do item despencou, sendo praticado, desde então, em patamares próximos do período pré-guerra.
Sendo o Brasil grande importador do item, uma vez que é cultura de inverno, o preço internacional tem grande papel definidor nos preços realizados internamente, tanto do trigo, quanto de seus derivados. Contudo, de acordo com os indicadores de farinha de trigo (IBGE), pão francês (IBGE) e pão de forma (IBGE), é possível ver que as condições do mercado doméstico brasileiro não sentiram essa “normalização” dos preços internacionais. Entre maio/22 e agosto/22, enquanto o preço internacional em dólar do trigo caiu -31,39%, o preço da farinha de trigo apresentou alta de 7,08%, o pão francês alta de 4,42% e o pão de forma alta de 6,00%.
Por Isadora Teixeira Araujo, economista da GEP | CostDrivers.