A maior concorrência entre os laticínios em decorrência da oferta apertada de leite no país fez os preços da matéria-prima subirem novamente em maio. O valor médio pago ao produtor brasileiro no mês passado – pelo leite entregue em abril – foi de R$ 1,061 por litro, aumento de 1,8% sobre o pagamento anterior, segundo levantamento da Scot Consultoria. Em relação a maio de 2015, a alta do leite ao produtor, em termos nominais, é de 14,2%. Levantamento do Cepea/Esalq sobre o preço médio ao produtor no país, que considera sete Estados, indica uma alta mais acentuada, de 4,5%, para R$ 1,1571 por litro, entre abril e maio. “A captação caiu novamente em razão da alta dos custos de produção e de problemas climáticos”, diz Juliana Pila, analista da Scot. Entre abril e março, houve um recuo de 2,7% na captação conforme o índice de captação de leite da Scot, e dados prévios sinalizam nova queda entre maio e abril, de cerca de 0,5%, informa analista. O recuo na captação deve ser menos acentuado, diz ela, em função da entrada da safra de leite do Sul, embora problemas climáticos também afetem a produção na região. Segundo Juliana Pila, o aumento dos custos relacionados à alimentação do rebanho leiteiro tem sido um desestímulo para os produtores. Além da valorização dos preços do milho no mercado doméstico, ela destaca a alta dos suplementos minerais, que são importados. Sinal de que a concorrência entre as empresas por leite é forte é o comportamento dos preços no mercado spot (negociação entre laticínios). Segundo a Scot, no spot paulista, a alta em maio foi de quase 7%, para R$ 1,597 por litro. Se a demanda pelas indústrias é forte, no varejo, o consumo de produtos lácteos ainda patina. Um reflexo disso pode ser visto nos preços do leite longa vida, que subiram menos no varejo do que no atacado. Enquanto no varejo paulista, a alta foi de R$ 0,10 entre abril e maio, no atacado, o avanço foi de R$ 0,27 na mesma comparação. Em abril, o preço do leite longa vida teve alta de 4,09%, conforme o IPCA. O peso do produto no índice no mês foi de 0,9458%.
Valor Econômico – 01/06/2016