São Paulo – O mau desempenho na Bahia puxou para baixo a produção nacional de algodão, que espera retração de até 2,9%, para 1,473 milhão de toneladas. Com custo de produção elevado, falta de chuvas e maior incidência de pragas, os produtores do estado preveem retração de até 14% na safra 2015/2016. Segundo a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), a produção no estado – o segundo maior nacional, atrás apenas do Mato Grosso – é esperada em 387 mil toneladas, ante as 450 mil toneladas no período anterior. A área plantada também caiu cerca de 15%, para 236,7 mil hectares. “O custo de produção aumentou porque o algodão é muito carregado de defensivos. Junto a isso, houve maior incidência de insetos e demanda fraca no mercado internacional em função dos estoques na China”, disse Elcio Bento, da Consultoria Safras & Mercados.
De acordo com o analista, em muitos casos a compra de insumos foi antecipada com o dólar perto dos US$ 4, mas a venda da produção pode ser fechada ao nível de US$ 3,50, o que deve estreitar ainda mais a margem de ganho. A região oeste da Bahia concentra até 98% do volume de algodão em todo o estado. Uma das cidades responsáveis pela produção é o município de Luís Eduardo Magalhães. A presidente do Sindicato Rural da cidade, Carminha Maria Missio, diz que a alternativa para quem produz algodão é investir em outras culturas de maior competitividade, como a soja. “Em toda e qualquer atividade os produtores precisam de resultados, e o algodão começou a não deixar margem. Em virtude do dólar, a cultura não estava compensando”, disse ao DCI. Segundo o Sindicato, a produtividade média da região é de 270 arrobas por hectare. Atualmente, o nível é de 210 arrobas, e, caso a seca perdure nos próximos meses, a produtividade pode chegar a 190 arrobas por hectare. O diretor executivo da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Décio Tocantins, diz que o diferencial para o desempenho do Mato Grosso sobre a Bahia é o plantio safrinha. “O Mato Grosso e algumas outras regiões do Centro-Oeste, por possuírem um regime de chuvas que permite o plantio de algodão em segunda safra, sucedendo a cultura da soja, manteve praticamente estável a área plantada com algodão em 2015/16, tendo em alguns casos até um pequeno aumento em relação à safra passada”, pontuou ele. Maior produtor nacional, o Mato Grosso tem até 85% do seu volume no plantio safrinha. A produção saiu de 867 mil toneladas de pluma e é esperada em 958 mil toneladas para 2015/2016. A área plantada também cresceu cerca de 22 mil hectares (4%). Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, além dos problemas costumeiros, a transmissão de tecnologia ainda não foi absorvida. “Não houve adaptação em certas regiões com grande potencial de produtividade. São novos processos de colheita e beneficiamento. Isso deve começar a acontecer a partir da próxima safra”, disse ele ao DCI. Exportação Com todos os problemas, o câmbio elevado nos últimos meses tem aumentado a competitividade para a exportação, o que diminuí os prejuízos e aumenta a margem de ganho. A perspectiva é que os estrangeiros adquiram 900 mil toneladas do produto brasileiro neste ano, superando as 859 mil do período 2014/2015 – projeção que chega perto da safra 2011/2012.
DCI – 13/04/2016