Praticamente qualquer empresa que depende de uma cadeia de suprimento que inclua fluxo de fornecimento, produção e distribuição está sendo afetada pela pandemia de Covid-19. Nem as gigantes escaparam, pois tiveram que lidar com o chamado “efeito chicote”, em que a queda na demanda e a redução na produção se desencontram. Ou seja, as duas pontas do processo reagem em ritmos diferentes devido a uma demora no entendimento do comportamento do mercado.
Desta forma, é fácil entender que, no mundo globalizado, cuja cadeia de produção e comercialização envolve mais de uma nação, todos os países acabam sendo afetados economicamente – ou seja, é um “efeito chicote” em proporções transcontinentais. Esse momento já era esperado por muitos analistas e consultores, pois durante muito tempo as instituições subvalorizaram os potenciais riscos à organização. Portanto, este é o momento para pensar no que o futuro do Supply Chain será constituído.
O futuro de colaboração da cadeia
Muito se fala sobre o “novo normail” e as transformações pelas quais o mundo – em especial, as sociedades civis – vai passar. De certa forma, o que muitos analistas esperam é que essas mudanças ocorram também no mercado institucional e levem a uma reorganização das prioridades. O modelo tradicional de Supply Chain, utilizado por milhares de grandes empresas, é um problema antigo, e que sempre esteve à beira de “se esgotar”. E é aí que entra a crise do novo coronavírus, pois esta metodologia de trabalho, de fato, se mostrou problemática e com potencial para afetar negativamente a identidade da empresa.
Além disso, inspiradas nas maquiladoras, as organizações da atualidade têm buscado alocar seus núcleos de produção em regiões com melhores benefícios fiscais, mão de obra de baixo custo, pouca regulamentação ambiental, matéria prima facilitada e acesso às rodovias e vias de escoamento. Porém, há expectativas de que ocorra um movimento reverso, caracterizado por uma aproximação entre a produção e o abastecimento. Os benefícios a serem adquiridos incluem um melhor balanço e equilíbrio entre risco, custo e flexibilidade de fornecimento, além de uma redução do “efeito chicote”.
Uma mudança que tem sido comentada no mercado e pode ser implementada desde já é trazer os fornecedores para perto dos processos de decisão e dos planejamentos de pedidos. A troca de informações e dados entre vendedores e fornecedores pode ser muito rica e agregar valor ao negócio, pois a empresa tem a possibilidade de gerir melhor suas demandas e, consequentemente, a produção, estoque e distribuição. Ou seja, há uma melhoria do entendimento dos sinais em tempo real, pois os dados de estoques e vendas tornam-se mais ligados aos processos de compras.
Trata-se, portanto, de agregar o conhecimento e a expertise humana aos processos de Transformação Digital, de forma que a aproximação entre pessoas e máquinas possa vir a ser a solução para evitar crises que envolvam a cadeia de suprimentos. Há uma afirmação no mercado de que o Supply Chain pode influenciar na felicidade do consumidor, aumentar receita, reduzir custos e gerenciar riscos. Ou seja, junto da inteligência humana tem todo o potencial para se tornar uma operação robusta, transparente e sustentável.
Assim, podemos resumir que as expectativas para o futuro do Supply Chain estão baseadas na redução de distâncias geográficas, na criação de uma cadeia de suprimentos com mais autonomia e na modernização das operações internas, valorizando a expertise humana. De fato, mudanças precisavam ser feitas nesse setor há um bom tempo e a crise causada pela pandemia de Covid-19 deixou isso claro para aqueles que ainda não haviam enxergado. Esse é o momento para realizar diagnósticos da cadeia de suprimentos de sua organização e, a partir dele, promover a criação de estratégias que mudarão o futuro de sua empresa.