Baterias Elétricas, Combustíveis Limpos e Seus Impactos para o Setor de Compras

As baterias e veículos elétricos são um assunto cada vez mais discutido pelo mercado, ainda mais após anúncios como a nova fábrica da Tesla no México (a sexta fabrica deles pelo mundo) e que deve entrar em operação em 2024, podendo alcançar a marca de 1 milhão de unidades produzidas por ano na fábrica, além da assinatura no mesmo país do decreto para nacionalizar a exploração de lítio, sendo que o México possui a 9ª maior reserva conhecida desse mineral fundamental para a produção de baterias e que é visto por muitos como o “novo petróleo” nos próximos anos. Mas como está o mercado e como ele pode impactar o comprador? Quais pontos os compradores têm que observar e se precaver no mercado?

 

Caso o comprador lide com metais, o impacto já começou a aparecer no setor. Diversas empresas e países anunciaram grandes investimentos recentes em produção de energia limpa, como a Inflation Reduction Act nos EUA e que, aliado ao fim das rigorosos políticas de lockdown chinesas e incentivos do país para a construção civil local, aumentaram as perspectivas de demanda de metais como o cobre, que atualmente sofrem com problemas de oferta em países como Chile e Peru e que possuem projeção nos próximos anos de possivelmente oferta abaixo da demanda.

 

Além disso, também temos a possibilidade de mais movimentos de países como o do México em nacionalizar minerações ou mesmo como o da Indonésia, que proibiu as exportações de minério de níquel para trazer fabricantes de baterias para uma produção local, um movimento que outros países como Filipinas estudam em replicar. Sendo assim, como um resumo do cenário, nos próximos anos o mercado de metais vai ser impactado diretamente pela demanda do setor de baterias e energia limpa, além dos impactos nas alterações dos processos produtivos em siderurgia e metalurgia para tornar tudo mais limpos e possivelmente mais caros, pelo menos no curto prazo.

 

Porém o comprador também deve monitorar o setor de logística, seja terrestre, aéreo ou marítimo. No setor terrestre, as discussões principais são relacionadas as baterias elétricas, embora haja outras conversas como biodiesel e etanol, cujo Brasil tem posição privilegiada, porém no marítimo e aéreo as conversas são diferentes devido as baterias atuais não terem capacidade de atender esses setores na escala desejada.

 

No marítimo ainda não há uma tendência clara que qual vai ser o campeão para substituir os combustíveis atuais, que já tiveram reduções no teor de enxofre nos últimos anos, com empresas apostando no metanol, GNL e mesmo na amônia, porém todos esses itens têm problemas seja em quantidade de produção atual, custos produtivos etc.

 

Outro fator é que, apesar da crescente pressão de empresas pela diminuição da pegada de carbono do transporte marítimo para diminuir a poluição total do processo produtivo dos produtos transportados, órgãos internacionais do setor ainda não chegaram em acordo sobre incentivos e penalidades para transição verde. No aéreo, há muitas conversas sobre o SAF, um combustível visto como aliado na redução da poluição, porém a produção dele ainda é muito limitada aos EUA e com altos preços devido a baixa oferta, o que atrasa essa mudança em um setor como o aéreo brasileiro em que 40% do custo atual é derivado do querosene.

 

O comprador tem que ficar atento a esses pontos, pois mudanças para combustíveis mais caros são repassados para os custos dos transportes, além dos altos investimentos necessários para modernizar e mesmo substituir frotas de veículos. O futuro pode ser verde, mas o comprador tem que monitorar os custos a fim de que a sua carteira de compras, seja de transporte ou de metais, também seja verde e não vermelho.

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