Setor de papel e celulose passa ao largo da crise

O mercado de papel e celulose é um dos poucos que tem passado ao largo da crise que tomou conta da indústria no País. Em 2015, o setor foi o de maior crescimento de valor de mercado na Bolsa, com expansão de 59,6% ou R$ 26,6 bilhões, segundo a Economática. A Klabin, líder no segmento de papéis no Brasil, foi a que apresentou a maior alta: 66,4%, valendo R$ 23,1 bilhões em 18 de dezembro. Atrás dela, vieram Suzano Papel e Celulose (+61,2%) e a Fibria (55,1%), informa a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

Maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo, a ação da Fibria registrou o melhor desempenho entre as mais líquidas da Bovespa, com valorização de 71,44% ano passado. A indústria de papel e celulose tem três das quatro ações que apresentaram maior valorização na Bolsa.

A explicação para esse desempenho está intimamente relacionada ao comportamento do câmbio, no Brasil. Os produtores entraram na contramão da economia brasileira em crise há pelo menos cinco anos. De 2011 para cá, a recessão e a instabilidade política fizeram o real perder 60% do seu valor, o que, principalmente para os fabricantes de celulose, foi motivo de comemoração.

Em 2015, calcula a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, a desvalorização do real provocou uma queda de US$ 50 por tonelada nos custos de produção de papel e celulose. Além disso, outros US$ 40 por tonelada foram economizados na manutenção das instalações.

Estimativas do Banco UBS indicam que cada 10 centavos queo real perde em relação ao dólar, os fabricantes brasileiros embolsam lucros de US$ 15 por tonelada comercializada. Ao mesmo tempo, enquanto os preços das outras commodities produzidas no Brasil tiveram queda acentuada nos últimos anos, os preços da celulose permaneceram estáveis. Na China, o consumo de papel higiênico está em alta e mais de 40% da celulose brasileira é transformada em papel higiênico destinado   aos chineses.

Pelas contas do Ibá, no primeiro bimestre de 2016, o Brasil produziu 1,7 milhão de toneladas de papel, 1,4% a mais em relação ao mesmo período do exercício anterior, e 3 milhões de toneladas de celulose (crescimento de 9,4% comparado ao primeiro bimestre de 2015).

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